Os neonazis alemães estão a mudar, são agora mais discretos, mas também mais perigosos, lê-se no relatório anual dos serviços federais de inteligência, apresentado hoje, em Berlim, que analisa também grupos de extrema esquerda e o terrorismo islamita.
No documento, constata-se que, em 2010, houve 15.905 delitos perpetrados pela extrema-direita alemã, menos 15,2 por cento do que no ano anterior, em que se registaram 18.750 delitos com esta mesma motivação. Quando ao número de crimes violentos praticados por nacionalistas e neonazis, passou de 891 para 762, no mesmo período, o que representa uma quebra de 14,5 por cento. O leste alemão, território da extinta Alemanha comunista até à reunificação, em 1990, contraria esta tendência, e assinala 304 delitos violentos, apesar de ter apenas 16 milhões de habitantes, um quinto da população de todo o país. Mesmo com a descida registada a nível nacional, "no conjunto porém, o potencial de violência aumentou, bem como a predisposição para recorrer à violência para impor objectivos políticos", constata-se no relatório das secretas. Esta tendência é mais acentuada entre os chamados nacionalistas autónomos e a subcultura dos "skinheads" (cabeças rapadas) entre os neonazis, "cada vez mais interessante para os jovens", sublinham ainda os serviços de inteligência germânicos.
Como os nacionalistas autónomos têm um aspecto discreto, é difícil conotá-los"com os neonazis, e na aparência cada vez mais difícil identificá-los, constatam os investigadores. O clássico estilo "skinhead" adoptado nos últimos anos pelos neonazis alemães é considerado, entretanto, ultrapassado, e os respectivos simpatizantes preferem agora envergar vestuário de diversas marcas da moda, que por vezes têm símbolos quase imperceptíveis das suas simpatias políticas. No que se refere às actividades da extrema-esquerda, o relatório refere que, em 2010, o número de delitos desceu 20,8 por cento, passando de 4734 em 2009 para 3747 em 2010. Quanto aos delitos violentos, foram 944 em 2010, menos 15,3 por cento do que no ano anterior, em que se registaram 1115 actos deste género.
A agressividade dos elementos mais radicais da extrema-esquerda, no entanto, também aumentou, tomam cada vez mais a polícia como alvo, "e estão no limiar do terrorismo", não hesitando em pôr em risco a vida de pessoas, advertem os serviços de inteligência no relatório anual. O documento analisa também o terrorismo islamita, constatando que a Alemanha continua a estar na mira destes grupos, apesar de ter conseguido evitar atentados de grande dimensão, até agora. O salafismo é considerado pela secreta alemã uma corrente particularmente perigosa deste género de terrorismo, sublinhando-se que o jovem que matou a tiro dos soldados norte americanos e feriu mais dois com gravidade, em março, no Aeroporto de Frankfurt, era um adepto deste movimento islâmico.
Fonte: DN.PT
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